Carissimo Dom,
Pensar nunca foi bom. Pensar sobre pessoas é ainda pior, as conclusões jamais poderão ser boas. E isso é ainda pior porque acaba nos levando a achar que somos melhores que esta massa podre e sem vontade que anda por aí, mas até onde me concerne somos iguais a eles.
Ok, tá bom, é mentira, não podemos ser assim, temos que ser melhores. Somos melhores.
Nesses dias que passam a convivência fica cada vez mais dificil. Como resposta a estupidez que me obrigo a vivenciar eu coloco um sorriso na face e sigo adiante. Vejo colegas de trabalho arquitetando melhores formas de enganar o sistema fiscal e receber mais dinheiro na sua restituição, vejo os mesmos reclamarem do governo. E eu, bobo que sou, já não argumento, sigo adiante. Ando na rua e vejo pessoas andando com suas biblias em baixo do braço, rezando e pagando o dizimo e quando chegam em casa se masturbam vendo a novela e dão um sacode na patroa, e eu não reclamo, sigo adiante. Vejo diariamente placas de obras do governo com números espatafurdios sobre obras fantasmas e não é necessário conhecimento avançado em engenharia e matemática financeira para constatar que estamos sendo enganados, e eu, bom, sigo adiante.
E de tando seguir adiante constatei que estou parado. É nessas horas que as perguntas surgem e as respostas escapam. É aí que a dúvida de que não passamos de vermes num oceano de merda aparece e a resposta me parece óbvia.
Mas deixe estar.
Abraços saudosos,
Dick
segunda-feira, dezembro 08, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Caro Dick,
Muito bom receber notícias suas.
Hoje, e frequentemente, me deparo com pensamentos sobre o mundo e sobre as pessoas. Normalmente me arrependo de iniciar este tipo de pensamento, pois cada vez mais chego à conclusão de que o mundo é realmente uma grande merda.
Vejo as pessoas se arrastando por aí, com suas caras ridículas e vozes horrendas, fazendo sabe-lá-o-quê, indo pra sei-lá-aonde e pensando em nem-quero-saber-no-quê e acabo me irritando profundamente. Acho que os bons e velhos tempos já se foram, os tempos de se amarrar cachorro com lingüiça e dar uma metida sem medo de ser feliz. Os tempos do galanteio e da pureza das coisas simples, meu amigo, já se foram e vão ficar na memória de nossos pais e avós.
Toda a boa música, as boas poesias, os bons filmes, os pensamentos inteligentes e as coisas feitas para durar já foram inventadas, usadas e esquecidas. Os discos de vinil, as máquinas de escrever e os livros, as mulheres inocentes e as crianças sujas de barro e com joelhos ralados, tudo isso já é coisa do passado e dá lugar à toda essa merda industrializada, rápida e escrota que somos obrigados a consumir freneticamente.
Aids e câncer, queijo processado e rolos de papel higiênico branco e perfumado, música de péssima qualidade, até quando vamos agüentar? Até quando vamos andar de joelhos implorando pela mais nova inovação tecnológica da indústria? Até quando vamos agüentar calados?
Quando virá o dia da grande revolução? Será que somos alguns ovos de vermes num oceano de merda contaminada?
Um brinde às boas coisas da vida, às que ainda podemos desfrutar.
Dom.
Muito bom receber notícias suas.
Hoje, e frequentemente, me deparo com pensamentos sobre o mundo e sobre as pessoas. Normalmente me arrependo de iniciar este tipo de pensamento, pois cada vez mais chego à conclusão de que o mundo é realmente uma grande merda.
Vejo as pessoas se arrastando por aí, com suas caras ridículas e vozes horrendas, fazendo sabe-lá-o-quê, indo pra sei-lá-aonde e pensando em nem-quero-saber-no-quê e acabo me irritando profundamente. Acho que os bons e velhos tempos já se foram, os tempos de se amarrar cachorro com lingüiça e dar uma metida sem medo de ser feliz. Os tempos do galanteio e da pureza das coisas simples, meu amigo, já se foram e vão ficar na memória de nossos pais e avós.
Toda a boa música, as boas poesias, os bons filmes, os pensamentos inteligentes e as coisas feitas para durar já foram inventadas, usadas e esquecidas. Os discos de vinil, as máquinas de escrever e os livros, as mulheres inocentes e as crianças sujas de barro e com joelhos ralados, tudo isso já é coisa do passado e dá lugar à toda essa merda industrializada, rápida e escrota que somos obrigados a consumir freneticamente.
Aids e câncer, queijo processado e rolos de papel higiênico branco e perfumado, música de péssima qualidade, até quando vamos agüentar? Até quando vamos andar de joelhos implorando pela mais nova inovação tecnológica da indústria? Até quando vamos agüentar calados?
Quando virá o dia da grande revolução? Será que somos alguns ovos de vermes num oceano de merda contaminada?
Um brinde às boas coisas da vida, às que ainda podemos desfrutar.
Dom.
segunda-feira, dezembro 01, 2008
Bom Dia Dom meu caro,
Mais uma semana que começa, e com ela começa a costumeira prostituição. Ontem conversando com o camaradinha Jeban num desses bares da vida, ele sabiamente discorreu sobre este assunto que é tão recorrente em nossas conversas e em minha atual situação. Concluímos que sou uma putinha bem ordinária, afinal a minha taxa dinheiro/tempo é menor do que as minhas colegas de trabalho, ao menos das colegas com um pouco de, digamos, talento, e ainda por cima elas correm o risco de ter prazer, risco esse que dificilmente corro durante a minha jornada de prostituição.
Resumindo, estou vendendo essa bundinha muito barato.
Hoje no caminho para o trabalho, conversando com o taxista que me trouxe, ele comentou que havia comprado um veiculo novo, mas que havia vindo com alguns detalhes diferentes do que ele havia pedido. A cor por exemplo(!). Isso por si só me pareceu inacreditável. Mas o que mais me chocou e me lembrou de nossas conversas foi quando ele comentou que havia pedido pra trocar o carro pelo modelo correto, mas que só chegaria ao final de março. Afinal já estamos no natal e depois tem o carnaval, aí fica difícil a concessionária enviar um carro novo antes disso. PASMEN! e essas foram as palavras dele, não minhas.
Logo a solução, já que nada ocorre até o carnaval, é trabalhar essa minha bundinha, deixar ela mais sarada, para que após o período festivo eu aumente a minha taxa dinheiro/tempo.
E sim, no Carnaval tudo pode. Graças ao bom Deus!
Saudações ébrias!
Dick
Ps.: Não existe definição mais sábia para o termo carnaval que esta que me enviaste. Sábios Orientais! Tanta sabedoria e tão pouca noção do que fazer com ela!
Mais uma semana que começa, e com ela começa a costumeira prostituição. Ontem conversando com o camaradinha Jeban num desses bares da vida, ele sabiamente discorreu sobre este assunto que é tão recorrente em nossas conversas e em minha atual situação. Concluímos que sou uma putinha bem ordinária, afinal a minha taxa dinheiro/tempo é menor do que as minhas colegas de trabalho, ao menos das colegas com um pouco de, digamos, talento, e ainda por cima elas correm o risco de ter prazer, risco esse que dificilmente corro durante a minha jornada de prostituição.
Resumindo, estou vendendo essa bundinha muito barato.
Hoje no caminho para o trabalho, conversando com o taxista que me trouxe, ele comentou que havia comprado um veiculo novo, mas que havia vindo com alguns detalhes diferentes do que ele havia pedido. A cor por exemplo(!). Isso por si só me pareceu inacreditável. Mas o que mais me chocou e me lembrou de nossas conversas foi quando ele comentou que havia pedido pra trocar o carro pelo modelo correto, mas que só chegaria ao final de março. Afinal já estamos no natal e depois tem o carnaval, aí fica difícil a concessionária enviar um carro novo antes disso. PASMEN! e essas foram as palavras dele, não minhas.
Logo a solução, já que nada ocorre até o carnaval, é trabalhar essa minha bundinha, deixar ela mais sarada, para que após o período festivo eu aumente a minha taxa dinheiro/tempo.
E sim, no Carnaval tudo pode. Graças ao bom Deus!
Saudações ébrias!
Dick
Ps.: Não existe definição mais sábia para o termo carnaval que esta que me enviaste. Sábios Orientais! Tanta sabedoria e tão pouca noção do que fazer com ela!
quarta-feira, novembro 26, 2008
Bom dia meu caro amigo,
Aproveito a oportunidade para lhe repassar um pouco do conhecimento milenar pouco adaptado aos tempos politicamente corretos em que vivemos.
狂【kuáng】 mad; crazy; violent; wild; unrestrained; arrogant; overbearing.
欢【huān】 joyous; merry; jubilant.
节【jié】 section; length; festival; holiday;
狂欢节 【kuánghuānjié】 revelry; carnival.
Resumindo, acredito que não há nada que possa expressar de maneira tão clara o que é o carnaval. Enquanto em alguns lugares é totalmente normal tomar uma cervejinha na hora do almoço, aí nas terrinhas é feio e te olham atravessado. Mas no carnaval pode. Tudo pode.
É ou não é?
Saúde!
Dom
Aproveito a oportunidade para lhe repassar um pouco do conhecimento milenar pouco adaptado aos tempos politicamente corretos em que vivemos.
狂【kuáng】 mad; crazy; violent; wild; unrestrained; arrogant; overbearing.
欢【huān】 joyous; merry; jubilant.
节【jié】 section; length; festival; holiday;
狂欢节 【kuánghuānjié】 revelry; carnival.
Resumindo, acredito que não há nada que possa expressar de maneira tão clara o que é o carnaval. Enquanto em alguns lugares é totalmente normal tomar uma cervejinha na hora do almoço, aí nas terrinhas é feio e te olham atravessado. Mas no carnaval pode. Tudo pode.
É ou não é?
Saúde!
Dom
Dom, meu camarada,
Ao contrário daí, as coisas aqui caminham devagar, como é de índole da nossa nação. A famigerada recessão, que aflige os mercados internacionais e escorre os seus líquidos incestuosos nos países de 3° escalão, freia ainda mais a nossa economia. As grandes empresas, valendo-se do momento de euforia estão fazendo uma limpeza na casa, demissões em massa e férias coletivas. Como de costume, os carinhas lá de cima continuam a encher o bolso enquanto os peões aqui de baixo suam pra parcelar os seus sonhos medíocres de final de ano.
E já que essa recessão não é o suficiente, a mamãe natureza mandou um presente para a nossa terra natal, o lugar dos nossos sonhos pueris. Chove canivetes e cutelos há 3 meses ou mais, o solo, já úmido naquelas paisagens, está desmantelando-se como manteiga no sol e derretendo carrega com ele os sonhos de uma pancada de gente. As cenas que vejo seguro na minha televisão enchem-me de aflição e me lembram mais uma vez o quão estúpidas são as nossas ações.
Mas Dom há de ser nada, em breve chega o natal com suas musicas natalinas e o seu espírito de solidariedade, misturado com álcool, festa e sonhos de ano novo. E logo ali depois tem o carnaval, pra apagar de vez qualquer lembrança de desgraça que tenha passado. Quem sabe alguma escola de samba faça um enredo bem bacana em homenagem às famílias desabrigadas e então toda a nossa nação possa dançar, beber e sonhar com os dias melhores que virão. Para depois podermos continuar a despejar os nossos esgotos nos rios Cachoeira afora, construir as nossas mansões nas encostas dos morros, dirigir os nossos carrões V6 e foder sem dó nem piedade a nossa própria mãe.
E a conta ninguém quer pagar.
Saúde!
Dick
Ao contrário daí, as coisas aqui caminham devagar, como é de índole da nossa nação. A famigerada recessão, que aflige os mercados internacionais e escorre os seus líquidos incestuosos nos países de 3° escalão, freia ainda mais a nossa economia. As grandes empresas, valendo-se do momento de euforia estão fazendo uma limpeza na casa, demissões em massa e férias coletivas. Como de costume, os carinhas lá de cima continuam a encher o bolso enquanto os peões aqui de baixo suam pra parcelar os seus sonhos medíocres de final de ano.
E já que essa recessão não é o suficiente, a mamãe natureza mandou um presente para a nossa terra natal, o lugar dos nossos sonhos pueris. Chove canivetes e cutelos há 3 meses ou mais, o solo, já úmido naquelas paisagens, está desmantelando-se como manteiga no sol e derretendo carrega com ele os sonhos de uma pancada de gente. As cenas que vejo seguro na minha televisão enchem-me de aflição e me lembram mais uma vez o quão estúpidas são as nossas ações.
Mas Dom há de ser nada, em breve chega o natal com suas musicas natalinas e o seu espírito de solidariedade, misturado com álcool, festa e sonhos de ano novo. E logo ali depois tem o carnaval, pra apagar de vez qualquer lembrança de desgraça que tenha passado. Quem sabe alguma escola de samba faça um enredo bem bacana em homenagem às famílias desabrigadas e então toda a nossa nação possa dançar, beber e sonhar com os dias melhores que virão. Para depois podermos continuar a despejar os nossos esgotos nos rios Cachoeira afora, construir as nossas mansões nas encostas dos morros, dirigir os nossos carrões V6 e foder sem dó nem piedade a nossa própria mãe.
E a conta ninguém quer pagar.
Saúde!
Dick
segunda-feira, novembro 24, 2008
Caro Dick,
As coisas por aqui vão rápido. Tudo cresce, andaimes e guindastes fazer brotar prédios ao mesmo tempo em que o inverno mostra as suas frias garras. O natal se aproxima mas estão todos pouco se fodendo pra quem foi JC - a chegada da primavera, trazendo vida nova e flores, é muito mais importante do que a morte de um camarada que se proclamou rei dos pobres e senhor dos senhores.
O capitalismo chegou para ficar, enquanto todos se preocupam com o próximo passo daqui, acredito que o Brasil vai se preparando para aliviar a panela de pressão, com mais um natal e, claro, a bonanza do carnaval.
E quem paga a conta?
Saudações,
Dom.
As coisas por aqui vão rápido. Tudo cresce, andaimes e guindastes fazer brotar prédios ao mesmo tempo em que o inverno mostra as suas frias garras. O natal se aproxima mas estão todos pouco se fodendo pra quem foi JC - a chegada da primavera, trazendo vida nova e flores, é muito mais importante do que a morte de um camarada que se proclamou rei dos pobres e senhor dos senhores.
O capitalismo chegou para ficar, enquanto todos se preocupam com o próximo passo daqui, acredito que o Brasil vai se preparando para aliviar a panela de pressão, com mais um natal e, claro, a bonanza do carnaval.
E quem paga a conta?
Saudações,
Dom.
quinta-feira, novembro 20, 2008
Caríssimo Dom,
É com regojizo, intelectual e físico, que recebo esta muito esperada correspondência.
Embora sem o charme do papel escrito, a prostituição digital nos salva da ineficiência dos correios, tanto de terras tupiniquins quanto de terras orientais.
A vida, deste lado do Oceano, ou melhor, deste lado do globo, continua girando em seus dias bons e seus dias ruins. A prostituição, que você por hora busca, e que eu há 1 ano escolhi para mim, me fode. Me fodendo entra a verdinha, e com a verdinha eu busco alternativas para esquecer a minha condição de putinha de luxo num bordel de gordos e velhos. e de velhos gordos.
Aqui, como é esperado, as pessoas também andam, cospem, peidam, comem e cagam. Mas principalmente fazem filhos. Criaturas mal nutridas, mal cheirosas e destinadas a perpetuar a estupidez que rege esta nação. O bom é que a cerveja continua gelada, o samba continua tocando; e sem que ninguém queira perder um minuto da festa de arromba a maracutaia e a safadeza continuam a todo vapor.
Sem mais por hora, espero por noticias quentinhas e molhadas da prostituição oriental, que por si só sempre me pareceu mais excitante.
Um aperto nesta bundinha loura e saudosa,
Dick
É com regojizo, intelectual e físico, que recebo esta muito esperada correspondência.
Embora sem o charme do papel escrito, a prostituição digital nos salva da ineficiência dos correios, tanto de terras tupiniquins quanto de terras orientais.
A vida, deste lado do Oceano, ou melhor, deste lado do globo, continua girando em seus dias bons e seus dias ruins. A prostituição, que você por hora busca, e que eu há 1 ano escolhi para mim, me fode. Me fodendo entra a verdinha, e com a verdinha eu busco alternativas para esquecer a minha condição de putinha de luxo num bordel de gordos e velhos. e de velhos gordos.
Aqui, como é esperado, as pessoas também andam, cospem, peidam, comem e cagam. Mas principalmente fazem filhos. Criaturas mal nutridas, mal cheirosas e destinadas a perpetuar a estupidez que rege esta nação. O bom é que a cerveja continua gelada, o samba continua tocando; e sem que ninguém queira perder um minuto da festa de arromba a maracutaia e a safadeza continuam a todo vapor.
Sem mais por hora, espero por noticias quentinhas e molhadas da prostituição oriental, que por si só sempre me pareceu mais excitante.
Um aperto nesta bundinha loura e saudosa,
Dick
terça-feira, novembro 18, 2008
Caro Dick,
Começa aqui a nossa jornada, já agora tardia e prostituída. Uma saga uma vez esperada em papel e caneta, terminada em teclado e punheta.
A vida por aqui no Oriente anda deveras diferente, todo dia que eu saio na rua, só vejo muita gente. Gente que anda, cospe, peida, come e caga. Fazem filhos e mais filhos, pequenas e inocentes criaturas em um mundo que é ansioso por devorar-lhes.
Espero as boas novas do Ocidente, com muita maracutaia e safadeza.
Grande abraço,
Dom
Começa aqui a nossa jornada, já agora tardia e prostituída. Uma saga uma vez esperada em papel e caneta, terminada em teclado e punheta.
A vida por aqui no Oriente anda deveras diferente, todo dia que eu saio na rua, só vejo muita gente. Gente que anda, cospe, peida, come e caga. Fazem filhos e mais filhos, pequenas e inocentes criaturas em um mundo que é ansioso por devorar-lhes.
Espero as boas novas do Ocidente, com muita maracutaia e safadeza.
Grande abraço,
Dom
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