quarta-feira, dezembro 03, 2008

Caro Dick,

Muito bom receber notícias suas.

Hoje, e frequentemente, me deparo com pensamentos sobre o mundo e sobre as pessoas. Normalmente me arrependo de iniciar este tipo de pensamento, pois cada vez mais chego à conclusão de que o mundo é realmente uma grande merda.

Vejo as pessoas se arrastando por aí, com suas caras ridículas e vozes horrendas, fazendo sabe-lá-o-quê, indo pra sei-lá-aonde e pensando em nem-quero-saber-no-quê e acabo me irritando profundamente. Acho que os bons e velhos tempos já se foram, os tempos de se amarrar cachorro com lingüiça e dar uma metida sem medo de ser feliz. Os tempos do galanteio e da pureza das coisas simples, meu amigo, já se foram e vão ficar na memória de nossos pais e avós.

Toda a boa música, as boas poesias, os bons filmes, os pensamentos inteligentes e as coisas feitas para durar já foram inventadas, usadas e esquecidas. Os discos de vinil, as máquinas de escrever e os livros, as mulheres inocentes e as crianças sujas de barro e com joelhos ralados, tudo isso já é coisa do passado e dá lugar à toda essa merda industrializada, rápida e escrota que somos obrigados a consumir freneticamente.

Aids e câncer, queijo processado e rolos de papel higiênico branco e perfumado, música de péssima qualidade, até quando vamos agüentar? Até quando vamos andar de joelhos implorando pela mais nova inovação tecnológica da indústria? Até quando vamos agüentar calados?

Quando virá o dia da grande revolução? Será que somos alguns ovos de vermes num oceano de merda contaminada?

Um brinde às boas coisas da vida, às que ainda podemos desfrutar.

Dom.

Nenhum comentário: