quarta-feira, novembro 26, 2008

Dom, meu camarada,

Ao contrário daí, as coisas aqui caminham devagar, como é de índole da nossa nação. A famigerada recessão, que aflige os mercados internacionais e escorre os seus líquidos incestuosos nos países de 3° escalão, freia ainda mais a nossa economia. As grandes empresas, valendo-se do momento de euforia estão fazendo uma limpeza na casa, demissões em massa e férias coletivas. Como de costume, os carinhas lá de cima continuam a encher o bolso enquanto os peões aqui de baixo suam pra parcelar os seus sonhos medíocres de final de ano.

E já que essa recessão não é o suficiente, a mamãe natureza mandou um presente para a nossa terra natal, o lugar dos nossos sonhos pueris. Chove canivetes e cutelos há 3 meses ou mais, o solo, já úmido naquelas paisagens, está desmantelando-se como manteiga no sol e derretendo carrega com ele os sonhos de uma pancada de gente. As cenas que vejo seguro na minha televisão enchem-me de aflição e me lembram mais uma vez o quão estúpidas são as nossas ações.
Mas Dom há de ser nada, em breve chega o natal com suas musicas natalinas e o seu espírito de solidariedade, misturado com álcool, festa e sonhos de ano novo. E logo ali depois tem o carnaval, pra apagar de vez qualquer lembrança de desgraça que tenha passado. Quem sabe alguma escola de samba faça um enredo bem bacana em homenagem às famílias desabrigadas e então toda a nossa nação possa dançar, beber e sonhar com os dias melhores que virão. Para depois podermos continuar a despejar os nossos esgotos nos rios Cachoeira afora, construir as nossas mansões nas encostas dos morros, dirigir os nossos carrões V6 e foder sem dó nem piedade a nossa própria mãe.

E a conta ninguém quer pagar.

Saúde!

Dick

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